O que fica…

O que existe em mim, como senhores e donos absolutos, são as lembranças; são as lembranças que não se apagam, a própria carne da minha carne. Delas procuro fugir, e elas me dominam, me arrastam a caminhos que não quero seguir, e quase sempre me deixam extenuado e de corpo mole, como se fossem amantes insaciáveis. (…) Sei que seria uma criatura em paz, se não fossem as visitas nocturnas desses monstros imponderáveis que me assaltam e me possuem com uma fome de bacante. E não fazem suave o meu tormento. Fazem amargo e pungente o quotidiano de minha solidão. Mas sem estas lembranças não poderia ter-me de pé.

José Lins do rego – Eurídice
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