Ela… o Big Bang

(…)
Monólogos intermináveis assolavam-no
de vales e planícies de um inconsciente que percebia não conhecer. E em vez de
falar com os seus verdadeiros feitores, os verdadeiros autores das emoções em
si, atirava-lhos, recebendo-os de volta em ricochete, sem que ela o soubesse. Os estímulos tocados por pequenas fagulhas estremeciam, erguiam-se, deglutiam-se e
expeliam-se em torno de um eixo.

(…)

A vertigem alucinante da
velocidade em pensamento. No ar rarefeito da corrida crescia a dificuldade que
tinha em entrar nos pulmões, tal ia de roda o turbilhão. Em meio à tormenta,
surgia então, adivinhava-se… o momento prévio à implosão de uma bomba,
estrondosamente sem ruído. A atração condensada da matéria. A matéria que se percebia
aglomerar-se magnéticamente, aproximar-se, adensar-se… Aaah o quase desejo
por um Big Bang libertador de sentidos! O vislumbre do Big Bang da sanidade,
quando a matéria, já diminuta, se tornar pesada de mais e…

Para já concentrava-o. Ela.

“Sabes? Noutras alturas beberia
copos… e adormecia, adormentava. Hoje não. O delírio é tão grande, que
apavora pensar se quer em dar-lhe um estímulo, ou um espaço de evasão. O
incomensurável fluxo.”
(…)
Perdia-se sem retorno. Há muito bamboleara já a corda sem
artes do equilibrista no vácuo. Enrolada em novelo brusco e apertado…
(…)

Uma pausa no tempo em
contemplação, precedeu o sopro em forma de Big inspirado, logo rapidamente
expirado num único Bang!

Milhentos pedaços de
individualidade desagregados e disseminados para sempre. Sementes de galáxias
nunca mais unidas, rumando eternamente para o não eterno retorno da
dispersão…                                                                                                       

                                                                                                     Ana

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