As coisas que ele faz
Para chegar onde quer..
É capaz de dar a vida,
Para levar de vencida,
Uma razão de viver.
A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho..
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho.
Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer.
Vão poluindo o percurso
Com as sobras do discurso
Que lhes serviu pr’abrir caminho..
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
Para consumir sozinho.
Com políticas concretas
Ímpões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Com a treta liberal
E as virtudes do centro..
No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo pelo caminho!
Para castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho.
Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
Para subir cada vez menos..
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos.
Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho!
Quando a vida é hipotecada,
No fim não sobra nada,
E acaba-a sozinho.
Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder..
Mesmo havendo tanta gente
Para quem é indiferente
Passar a vida a morrer..
Há princípios e valores,
Há sonhos e há amores,
Que sempre irão abrir caminho!!!
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho!
E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sòzinho.
José Mário Branco – Do que um homem é capaz – Do álbum Resistir é vencer