Começa a escrever-se com todo o ânimo, mas chega uma altura em que a pena não risca mais que uma linha poeirenta e não escorre nem uma gota de vida. E a vida está toda lá fora, para além da janela, longe de ti, e parece que nunca poderás refugiar-te na página que escreveste, abrir um outro mundo e lançar-te nele.
Não, escrevendo não me tornei melhor… Apenas dissipei um pouco a ânsia e a inconsciência.
De que valerão estas páginas descontentes?
Nunca disse que escrevendo se salva a alma.
Escreve, escreve… que a tua alma já esta perdida!
Italo Calvino – O Cavaleiro Inexistente