Que fazes por aqui,
ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato,
pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato,
cúmplice de um medo ainda sem palavras,
sem enredos,
quem somos nós,
teus donos ou teus servos?
Alexandre O’Neill